A extrema-direita volta a avançar no mundo gerando mais alertas para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a necessidade de se reaproximar dos partidos e do eleitorado de centro. A avaliação é de interlocutores do presidente Lula.
Segundo eles, apesar dos últimos sinais de fortalecimento da direita e da extrema-direita, Lula reforçou seu discurso mais à esquerda.
Agora, novo avanço na França. O resultado das eleições parlamentares francesas mostrou uma vitória do partido de extrema-direita Reunião Nacional, de Marine Le Pen; em seguida ficou a esquerda; e os partidos que apoiam Emmanuel Macron ficaram em terceiro.
Macron, por sinal, fez um apelo para que o centro francês, liderado por ele, se aproxime da esquerda para evitar uma vitória final da extrema-direita
Aqui, segundo aliados de Lula, tem de ocorrer o contrário. O PT, no comando do país, deveria dar mais espaço para os partidos de centro, como MDB, União Brasil, Progressistas e Republicanos, compartilhando com eles as principais decisões do governo.
Caso contrário, dará ainda mais munição para a oposição atacar e desgastar o presidente Lula.
O presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), provocou de novo o governo Lula, citando a vitória da extrema-direita na França, depois de ter destacado também a vitória da mesma corrente política na eleição do Parlamento Europeu — sem falar no fiasco do democrata Joe Biden no debate com Donald Trump.
O fato é que os últimos resultados de eleições mundo afora reforçam a avaliação de que há uma nova onda de extrema-direita. E que ela pode chegar ao Brasil já na eleição municipal deste ano.
Segundo interlocutores, Lula precisa abandonar o discurso mais à esquerda que tem feito nos últimos dias e se aproximar mais do centro.
Foi uma frente ampla que o elegeu. E ele vai precisar dela de novo para se reeleger, mas tem tido comportamentos que estão sendo criticados pelo empresariado e pelos partidos de sua base aliada no Congresso ligados ao centro e “Centrão” — bloco informal na Câmara dos Deputados que reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita.