O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, autor de uma carta aberta a integrantes do governo, expressou suas preocupações sobre o crescimento da extrema direita no Brasil. Em entrevista ao GloboNews Mais, Kakay explicou os motivos que o levaram a enviar o texto, que compara os três mandatos do presidente Lula e discute mudanças em sua postura ao longo do tempo. A carta, que viralizou, foi enviada a diversos grupos do governo, incluindo ministros e aliados do presidente.
Kakay afirmou: “Tenho medo de ver a extrema direita crescer no Brasil, por isso me manifestei.” Ele destacou que nunca foi ao Palácio do Alvorada e que não faz política partidária, mas sentiu a necessidade de se manifestar em defesa da democracia. O advogado enfatizou que seu apelo é para que os democratas se unam e evitem o retorno do fascismo, que ele considera uma ameaça real ao país.
Na carta, Kakay menciona que Lula está “isolado” e “capturado”, e que a sua capacidade de seduzir e ouvir as pessoas mudou. Ele negou que essa afirmação fosse uma crítica à primeira-dama Janja, mas ressaltou que há uma reclamação sobre a falta de interação no governo, inclusive entre ministros. O advogado acredita que é fundamental discutir a sucessão de Lula e a necessidade de um grupo coeso ao seu redor.
Kakay defende que Lula deve ser o candidato à reeleição, mas ressalta que é necessário preparar um grupo para a sucessão. Ele elogia Fernando Haddad, considerando-o excepcionalmente preparado para assumir um papel de liderança no futuro. O advogado argumenta que, para vencer a extrema direita, é crucial que Lula mantenha sua posição como candidato, pois ele é visto como a única figura capaz de derrotar o fascismo.
A carta de Kakay também reflete sobre a trajetória política de Lula, mencionando suas vitórias anteriores e a importância de alianças amplas para derrotar adversários. Ele recorda momentos em que Lula demonstrou habilidade política, como quando conseguiu unir diferentes grupos em torno de sua candidatura. Essa capacidade de aglutinação é vista como um dos maiores legados de Lula, que, segundo Kakay, não pode ser perdido.
No entanto, o advogado expressa preocupação com a atual situação de Lula, que, segundo ele, não está mais fazendo política da mesma forma que antes. Kakay observa que a falta de diálogo com políticos e a perda de amigos próximos podem comprometer a eficácia do governo. Ele alerta que, sem a presença do Lula que conhecemos, o risco de perder as eleições de 2026 se torna real, especialmente com o crescimento da extrema direita.
Kakay também menciona que as pesquisas indicam que uma parte significativa da população não deseja a reeleição de Lula, o que levanta questões sobre sua sucessão. Ele critica a falta de um grupo coeso ao redor do presidente, que poderia ajudar a identificar um sucessor natural. O advogado acredita que Lula precisa reencontrar sua capacidade de se conectar com as pessoas e que Haddad é uma opção viável para o futuro.
Por fim, Kakay expressa esperança de que uma direita civilizada possa emergir no Brasil, especialmente após a condenação de Bolsonaro. Ele conclui com um apelo à dignidade humana, citando o poeta Torquato Neto, enfatizando a necessidade de respeito e dignidade em tempos de crise. A mensagem de Kakay é clara: a união dos democratas é essencial para enfrentar os desafios que o Brasil enfrenta atualmente.