A polícia do Rio de Janeiro está uma tecnologia de reconhecimento facial para combater o crime, mas o novo sistema chega acompanhado de desafios.
Câmeras capazes de captar em alta definição o rosto de pessoas caminhando pelas ruas, mesmo que seja no meio da multidão. Lentes poderosas, com capacidade de aproximação de até 25m e que registram até 60 faces por segundo. No Rio, 20 delas já estão instaladas em quase toda a orla e foram usadas na festa de Réveillon. Agora, para o carnaval, o sistema será ampliado para a área do Sambódromo.
As imagens captadas pelas câmeras nas ruas são recebidas, em tempo real, no Centro de Comando e Controle da Polícia Militar. E lá, essas imagens são processadas por um programa de computador que compara o rosto de quem está na rua com as fotos de criminosos foragidos da Justiça.
O software que faz a comparação é russo, foi usado na Copa de 2018 e vale também para carros roubados. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o índice de precisão chega a quase 80%, mas a parte mais importante é feita pelo policial que está na rua.
“O software gerando o alerta , esse policial é acionado na rua. Ele tem todo um procedimento de abordagem com a finalidade de identificar aquela pessoa. Mais de 3 milhões de pessoas foram checadas pelo software. Que hoje o programa Segurança Presente fez em cinco anos”, explica o secretário de Segurança Pública do RJ, Victor Santos.
O sistema de reconhecimento por câmeras vem sendo usado em outros estados como Sergipe e Bahia.
Polícia do Rio começa a usar tecnologia de reconhecimento facial .
No Rio, quatro pessoas foram identificadas e presas, mas duas delas tiveram que ser liberadas porque o banco de dados estava desatualizado e os mandados de prisão já não tinham validade. O argentino Sílvio Gabriel Juarez chegou a ficar dois dias na cadeia e só foi solto na audiência de custódia.
A PM carioca usa o banco de dados da Polícia Civil, que tem 50 mil imagens. Mas o Tribunal de Justiça do Rio entende que o sistema deveria utilizar os dados do Banco Nacional de Mandados de Prisão. A Secretaria de Segurança diz que já está trabalhando nessa integração para incluir, também, bancos de pessoas desaparecidas.
O especialista em segurança e defesa Alessandro Visacro diz que a tecnologia é uma ferramenta útil, mas que precisa ser combinada, também, com protocolos de uso e investigação eficiente.
“Isso não é uma bala de prata, não é uma panaceia, um remédio para todos os males. Como qualquer tecnologia, como qualquer ferramenta, existe uma margem de erro. Por isso que a gente chama atenção para o treinamento dos profissionais que vão fazer o uso, assim como estabelecimento de critérios para o uso dessa ferramenta”.