Enquanto o número geral de filiados jovens em partidos políticos tem caído em Santa Catarina, siglas de direita estão na contramão dessa tendência. Dados do TSE mostram que entre maio de 2020 e maio de 2024, houve uma redução de 26,9% no número total de filiados entre 16 e 34 anos no estado. Porém, partidos como PL, Podemos e Novo registraram aumento significativo de jovens filiados nesse período.
O professor Daniel Moraes Pinheiro, da Udesc, atribui esse crescimento à consolidação da direita no estado. Ele destaca a forte base do atual governador Jorginho Mello (PL) como fator de atração. Além disso, aponta que jovens interessados em carreira política tendem a buscar partidos em evidência.
Um exemplo dessa tendência é Ingo Câmara, coordenador do PL Jovem de Florianópolis aos 18 anos. Pré-candidato a vereador, ele lidera um grupo de 45 jovens filiados engajados em ações sociais e políticas. Câmara acredita que a direita está conseguindo atrair mais jovens e quebrar a hegemonia da esquerda nesse segmento.
O cientista político Eduardo Grin, da FGV, relaciona esse fenômeno ao aumento do conservadorismo na sociedade brasileira. Ele menciona jovens que se identificam com pautas conservadoras em temas como aborto, religião e meio ambiente. O PL de Santa Catarina atribui seu sucesso a estratégias focadas em proporcionar oportunidades de participação ativa aos jovens.
Entre os partidos de esquerda, apenas o PSOL registrou aumento de filiados jovens em Santa Catarina no período analisado. O professor Pinheiro vê o PSOL como um contraponto de esquerda, atraindo jovens progressistas que o PT não consegue mais alcançar. A presidente estadual do PSOL, Lea Medeiros, atribui esse interesse à identificação dos jovens com as pautas defendidas pelo partido.
Apesar do crescimento em algumas siglas, a tendência geral é de queda no número de jovens filiados a partidos políticos. No Brasil, a redução foi de 28,7% entre 2020 e 2024. Apenas PL, Podemos, Rede, Solidariedade e PSOL registraram aumento nacional de filiados jovens nesse período.
Os especialistas apontam diversos fatores para essa queda geral. Pinheiro menciona a polarização política recente, que teria marginalizado os jovens do processo. Grin destaca que a polarização pode desestimular a participação política tradicional, refletindo na queda de filiações.
Outro ponto levantado é a mudança no local do debate político. Grin observa que os jovens hoje se mobilizam principalmente nas redes sociais, em contraste com formas mais tradicionais de participação política. Isso representa um desafio para os partidos em atrair e engajar jovens através de estruturas partidárias convencionais.