A tecnologia tem se tornado um dos pilares mais importantes para promover inclusão e qualidade de vida. Em cidades em crescimento, a discussão sobre o uso de ferramentas digitais voltadas à saúde ganha relevância à medida que se percebe como o acesso desigual pode aprofundar problemas sociais. No caso das pessoas com doenças crônicas, como o diabetes, o acesso a dispositivos modernos pode significar mais autonomia e bem-estar. Ao mesmo tempo, é essencial que o poder público compreenda a necessidade de políticas que garantam esse acesso de forma democrática e contínua.
O avanço tecnológico no campo da saúde trouxe equipamentos que monitoram níveis de glicose em tempo real, facilitam a aplicação de insulina e reduzem riscos de complicações. No entanto, a realidade é que nem todos conseguem usufruir dessas inovações. A ausência de políticas estruturadas e o alto custo de certos dispositivos tornam o tratamento mais difícil para famílias de baixa renda. O debate sobre o papel do Estado nesse contexto é crucial, pois a tecnologia, quando bem aplicada, pode reduzir filas, ampliar diagnósticos e melhorar a prevenção.
Além das doenças crônicas, há um campo ainda pouco explorado quando se trata de políticas públicas: o das pessoas com distúrbios de fala. A gagueira, por exemplo, é frequentemente tratada apenas sob o aspecto clínico, mas precisa ser reconhecida também como uma condição que exige acolhimento social. O investimento em programas que incentivem o uso de tecnologias de apoio, como aplicativos de reeducação vocal e plataformas de comunicação acessíveis, é um passo necessário para garantir inclusão e respeito à diversidade humana.
A Câmara de Salvador tem sido palco de debates importantes sobre essas questões. Ao reunir representantes da sociedade civil, profissionais da saúde e pessoas afetadas diretamente pelos desafios de acesso, o diálogo se transforma em instrumento de transformação social. Quando o poder público se aproxima das demandas reais, abre espaço para políticas mais humanas e eficazes. Essa proximidade é o que torna possível a construção de soluções duradouras e de impacto coletivo.
Outro ponto essencial é a conscientização da população sobre a importância da tecnologia na melhoria da qualidade de vida. Muitos ainda desconhecem as ferramentas disponíveis ou não sabem utilizá-las plenamente. Campanhas educativas, oficinas comunitárias e parcerias com universidades e startups podem ampliar o alcance das inovações. A democratização da informação é, portanto, uma das chaves para que a tecnologia não seja privilégio de poucos, mas um direito acessível a todos.
A inclusão digital também exige infraestrutura adequada. Não basta oferecer dispositivos se a conectividade é limitada ou inexistente. A expansão do acesso à internet de qualidade e a capacitação de profissionais da rede pública são medidas que andam lado a lado. Com isso, é possível construir uma base sólida para o uso de tecnologias médicas e assistivas em larga escala, garantindo que os benefícios cheguem a quem realmente precisa e não fiquem restritos a grandes centros.
É fundamental ainda que as políticas de saúde sejam pensadas de forma integrada. O tratamento de doenças como o diabetes e o apoio a pessoas com gagueira não podem ser ações isoladas, mas partes de um mesmo compromisso com a inclusão. A criação de programas municipais e estaduais que unam educação, tecnologia e saúde é o caminho mais eficaz para promover resultados sustentáveis. A transversalidade dessas políticas é o que faz a diferença na prática e assegura que o avanço científico se traduza em dignidade humana.
Por fim, o debate sobre inclusão tecnológica deve ser contínuo e participativo. Quando diferentes vozes são ouvidas — pacientes, familiares, profissionais e gestores —, o resultado é uma sociedade mais justa e consciente. A saúde não é apenas ausência de doença, mas também acesso, acolhimento e oportunidade. Ao investir em políticas públicas que priorizem o uso inteligente da tecnologia, Salvador pode se tornar um exemplo de cidade que valoriza o ser humano em sua totalidade, aliando inovação, solidariedade e compromisso social.
Autor: Xerith Estrope

