As eleições para o Parlamento Europeu, que se encerram neste domingo (9), têm sido marcadas pelo uso intensivo do TikTok por políticos de extrema-direita. Com projeções indicando um avanço expressivo desse grupo, a plataforma se tornou um importante campo de batalha na busca por votos, especialmente entre os jovens.
Líderes populistas como Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, Viktor Orbán, premiê da Hungria, e Marine Le Pen, da França, acumulam milhões de seguidores no TikTok. Eles utilizam a rede social para abordar temas polêmicos como imigração e apoio à Ucrânia, através de vídeos curtos, músicas atraentes e mensagens simples.
Segundo o professor Dave Sinardet, da Universidade Livre de Bruxelas, a extrema-direita investiu nas redes sociais desde cedo e agora colhe os frutos. A adaptação da mensagem política para atrair a “geração TikTok” é vista como um grande laboratório experimental dos líderes populistas durante as eleições.
Uma pesquisa recente da União Europeia revelou que as redes sociais são a principal fonte de informação para 56% dos jovens europeus entre 15 e 30 anos sobre assuntos relacionados ao bloco. A televisão aparece em segundo lugar, seguida pela imprensa online.
O contexto dessas eleições é marcado por mudanças na legislação de vários países, que reduziram a idade mínima para votação. Na Alemanha, Malta, Áustria e Bélgica, jovens de 16 anos podem participar, enquanto na Grécia a idade mínima caiu para 17 anos.
Nas eleições europeias de 2019, houve um recorde de participação jovem, com a maioria dos votos destinados a partidos verdes, defendendo políticas climáticas mais eficientes. O fenômeno foi chamado de “onda verde”.
Este ano, mais de 60% dos jovens cidadãos da UE afirmaram que iriam votar. No entanto, ao invés de uma nova “onda verde”, as projeções indicam um impulso significativo para a direita, possivelmente o maior desde a fundação da União Europeia.
O uso estratégico do TikTok pela extrema-direita, combinado com a crescente importância das redes sociais como fonte de informação para os jovens, pode ter um impacto significativo nos resultados das eleições europeias, potencialmente alterando o equilíbrio político no Parlamento da UE.