O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a destacar a importância da solidariedade internacional ao afirmar que o Brasil possui uma dívida histórica com o continente africano. Para ele, essa dívida não pode ser mensurada em valores financeiros, mas deve ser paga com ações concretas que promovam o desenvolvimento conjunto. Durante o 2º Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, Lula destacou que a experiência brasileira em agricultura pode ser uma das principais ferramentas para contribuir com o crescimento sustentável dos países africanos. Essa proposta reforça o compromisso do Brasil em compartilhar tecnologia, conhecimento técnico e políticas públicas voltadas para o combate à fome e à pobreza.
Lula enfatizou que a dívida com a África é resultado direto de séculos de exploração e escravidão que marcaram a história do Brasil. Ele lembrou que o país se beneficiou por mais de 350 anos do trabalho forçado de milhões de africanos e que agora tem a responsabilidade moral e política de agir com solidariedade. Lula dívida com a África não se resume apenas a uma questão simbólica ou discursiva, mas sim a uma proposta prática de colaboração. A transferência de tecnologia agrícola, segundo o presidente, é o caminho mais eficaz para reverter parte dos danos causados pelo colonialismo e pela escravidão.
O evento, realizado em Brasília, reúne delegações de mais de 40 países africanos, além de representantes de organismos internacionais e instituições de pesquisa. A pauta principal gira em torno de investimentos na agricultura familiar, sistemas sustentáveis de produção e soluções contra os efeitos da seca e da insegurança alimentar. Lula dívida com a África surge, nesse contexto, como uma narrativa de reparação que visa, sobretudo, criar pontes para um futuro mais justo e equilibrado entre as nações do Sul Global. Ele defende que o Brasil se torne um ator estratégico no auxílio ao desenvolvimento rural africano.
A iniciativa integra uma série de políticas promovidas pelo governo brasileiro nos últimos anos, que buscam reposicionar o país como referência em cooperação Sul-Sul. O presidente mencionou a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, articulada durante a presidência brasileira no G20, como uma das ferramentas para implementar mudanças reais. Lula dívida com a África está inserida dentro dessa estratégia ampla que tenta alinhar interesses diplomáticos, econômicos e humanitários. Segundo ele, o combate à fome precisa deixar de ser apenas um discurso bonito para se transformar em metas executadas com eficiência e fiscalização.
Durante seu pronunciamento, Lula também criticou a omissão de governos que não colocam a fome como prioridade em suas agendas. Ele foi categórico ao dizer que muitas vezes a miséria é resultado da negligência política e não de fatores naturais. Lula dívida com a África ganha ainda mais relevância ao propor uma mudança de postura na governança global, em que o foco não esteja apenas no crescimento econômico, mas também na dignidade e nos direitos humanos. A proposta é que o Brasil seja um exemplo de nação que reconhece sua história e age para corrigir injustiças.
A programação do evento inclui visitas técnicas a áreas de produção agrícola no entorno de Brasília e em Petrolina, no Vale do São Francisco. Serão abordados temas como o uso de bioinsumos, sistemas de irrigação, conservação do solo, reuso de água e manejo de rebanhos adaptados ao clima semiárido. Lula dívida com a África se materializa nessas ações práticas, que visam capacitar técnicos e agricultores africanos a desenvolverem soluções próprias, adaptadas à sua realidade. Trata-se de uma troca de saberes em que o Brasil também aprende e se fortalece.
Além do governo federal, organizações da sociedade civil e cooperativas de agricultura familiar brasileiras participam da iniciativa, contribuindo com sua experiência no campo. Lula dívida com a África é uma diretriz que envolve múltiplos setores e aposta na descentralização da cooperação internacional. Isso amplia o alcance dos projetos e garante que os benefícios cheguem diretamente às comunidades mais vulneráveis. A proposta não é oferecer ajuda pontual, mas sim fomentar a autonomia e a resiliência dos países africanos parceiros.
Ao final do encontro, espera-se que novas parcerias sejam firmadas e que planos de ação concretos sejam estabelecidos. Lula dívida com a África representa uma oportunidade para o Brasil assumir um papel de liderança ética no cenário internacional, promovendo um modelo de cooperação mais justo, humano e comprometido com a reparação histórica. A retomada dessas relações também sinaliza um novo ciclo nas políticas externas brasileiras, focado na justiça social, no combate às desigualdades e no fortalecimento das nações do hemisfério sul.
Autor: Xerith Estrope